Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

Necessidade de um treinador estrangeiro é símbolo da falência da seleção

Carlo Ancelotti chegou como se um rei fosse. Voo monitorado minuto a minuto, pompa de estadista, recepcionado pelo Movimento Verde e Amarelo com batucada. Muitos acreditam que ele veio nos salvar de nós mesmos. Pode ser. Não tenho como duvidar. Estamos jogados a nossa própria sorte.

A seleção começou a morrer em 1986. Uma morte quase imperceptível e que foi desenganada em 1994 e em 2002. Poucos notaram que o processo de morte estava vivíssimo mesmo com essas conquistas. Abandonamos nosso estilo, nossa cultura. Nos organizamos para vencer e nada mais. E só perdemos. A CBF afundou no autoritarismo e em dirigentes inescrupulosos. Virou uma empresa imensamente lucrativa observando de seu altar refrigerado a falência do futebol brasileiro.

Tudo deu muito errado desde 2002. A morte já não passava desapercebida. E então vieram com a solução: o treinador italiano considerado o melhor do mundo.

Precisamos de um gringo para nos reestruturar nacionalmente? Diante das ruínas, talvez sim. Eu gosto de termos chegado a esse ponto? Não, não gosto. Mas chegamos. Jesus, Abel, Klopp... eram essas as opções. Mas posso gostar muito se, por exemplo, Ancelotti for capaz de colocar nossa cultura em campo. Coisa que Jesus e Abel seriam capazes de fazer. Já se o italiano optar por aprofundar a cultura dele esquecendo da nossa, vou detestar. Vou detestar mesmo se voltarmos a vencer.

Com presidente supostamente novo, a CBF receberá seu comandante até a Copa. Muita badalação, belas palavras, camisa retrô da seleção usada pelo empresário italiano. Dentro de um departamento de marketing fica fácil acertar esse tipo de coisa. O bicho vai pegar mesmo quando a bola rolar e a gente compreender quem seremos sob o comando do premiado treinador, de seu filho e de seu genro. Auguri, Brasil.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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