Milly Lacombe

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OpiniãoEsporte

Pontos positivos e negativos da eventual chegada de Carlo Ancelotti

Parece que o treinador do Real Madrid está mesmo disposto a aceitar a seleção brasileira. Uma demonstração de coragem; de um tipo de coragem que talvez esteja mais perto da ignorância do que da sabedoria, mas ainda assim, coragem. A coragem da ignorância, como uma vez me disse meu pai. Ancelotti, caro mio, onde você vai se meter? Mas cada um sabe de sua própria loucura, então avaliemos o que a vinda dele traria de bom e de ruim.

O lado positivo é bastante conhecido: Ancelotti é um vencedor e formador de times extremamente competitivos. A chance de o Brasil voltar a vencer com robustez passa a ser grande. Gosto também da ideia do choque de cultura. Pode ser bom se houver equilíbrio e respeito a quem somos culturalmente. Se o italiano for capaz de fazer bom uso de nossas qualidades como o drible, a ousadia, a irreverência, o ritmo, a criatividade e a alegria podemos resgatar um tipo de excelência há muito perdida.

Se Ancelotti estiver disposto a mudar as coisas, ele talvez consiga. Se estiver disposto e não se deixar afetar por comandos externos, influências interesseiras, balcão de negócios de empresários e todo esse circo, ele poderá começar a recuperar nosso futebol. A alternativa? Bem, aí vamos entrar na parte ruim.

A parte ruim: Ancelotti ser apenas mais um, se curvar aos métodos de gerenciamento do nosso futebol e não acrescentar nada de novo, forçando em campo um tipo de jogo posicional, rígido e ultradependente de seu comando.

Outro risco: a chegada de Ancelotti colocaria Ednaldo Rodrigues, o presidente, em um lugar bastante blindado. Teria sido dele a iniciativa de trazer um nome tão consagrado e ficariam com ele os méritos da negociação. Isso é complicado porque estamos vendo como Ednaldo administra a empresa que organiza nosso futebol: de forma bastante centralizadora, confusa e suspeita em muitos aspectos. Ele repete os erros de seus antecessores sem acrescentar nada de novo. Se misturar a esse estado de coisas prejudicaria a imagem de Ancelotti ainda que talvez receber cinco milhões de reais por mês, como contou Alicia Klein em seu furo jornalístico, possa, para alguns, compensar eventuais desmoralizações pessoais.

Ancelotti seria capaz de conter os ímpetos da família Neymar sobre a seleção? Vai ser ele o cara a recuperar o jogador santista? Ficam os questionamentos.

A amiga Alicia Klein também informa que, se não der certo com o italiano, a CBF iria atrás do português Abel Ferreira. Nesse caso, sinto demais pelo Palmeiras e por Abel, que trocaria o solo sólido e leal do alviverde pelo solo movediço e traiçoeiro da CBF.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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