Ambientalista, papa Leão 14 decide usar carros híbridos da Volkswagen
Eduardo Passos
Colaboração para o UOL
14/05/2025 15h26
Uma semana após sua eleição, o papa Leão 14 começa a revelar as primeiras mensagens do seu pontificado. Em termos de transportes, o novo pontífice não deve seguir a simplicidade de Francisco, mas já mostrou que estará alinhado ao antecessor em termos de sustentabilidade ambiental.
Ontem, em visita surpresa a irmãos agostinianos de Roma, Leão 14 apareceu, pela segunda vez, em um novo Volkswagen Tiguan, que deve ser seu principal meio de transporte no início do pontificado.
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O papa utilizou o Tiguan Edition Plus, versão de entrada do SUV, com opções a partir de 44.900 euros na Itália. Esse é o preço do modelo a diesel, mas Leão 14 vem se locomovendo no híbrido plug-in, que parte de 50.300 euros (cerca de R$ 316 mil, na conversão direta).
O novo Tiguan inclusive será vendido no Brasil em breve. Provavelmente estreará sem versões eletrificadas e, mesmo assim, também deverá custar mais de R$ 300 mil. Além do utilitário, Leão 14 também já usa a Multivan, que equivale a uma versão moderna da Kombi.
VW escolhida por Francisco
Papa Francisco foi quem selou o acordo com a Volkswagen. Desde 2024, a marca alemã fornece carros eletrificados ao Vaticano em regime de aluguel de médio ou longo prazo, sem divulgar valores exatos.
Segundo o próprio Estado da Igreja Católica, a parceria foi motivada por dois documentos escritos por Francisco: a exortação apostólica Laudate Deum e a encíclica Laudato Si'.
Em ambos os textos, o falecido papa defende que a preservação do meio ambiente é indissociável dos valores cristãos. Entre outros pedidos, ele cobra a transição para fontes não fósseis ou não poluentes de energia no mundo todo.
A VW diz que forneceu cerca de 40 veículos à Santa Sé, boa parte da linha ID., 100% elétrica. A maioria da frota vem sendo usada por funcionários do Vaticano, em atividades administrativas cotidianas e no comboio que acompanha o líder em viagens.
Dessa forma, explica a Santa Sé, o plano é tornar o Vaticano um Estado com emissão neutra de carbono até 2030. A iniciativa, chamada Conversão Ecológica 2030, também inclui instalação de carregadores elétricos no país e na Itália, além da certificação de que a eletricidade que abastece a sede da Igreja venha de fontes limpas.
Leão 14 é ambientalista
Nascido em 1955, 19 anos após Francisco, o papa Leão 14 discursou alertando para questões sociais emergentes, com ênfase no desenvolvimento da inteligência artificial.
Um ponto em que ambos os papas pensam igual é o ambientalismo: segundo a imprensa oficial do Vaticano, Leão 14 já havia defendido a visão ecológica de seu antecessor, Francisco, no final do ano passado.
O então cardeal peruano argumentou que a Igreja deveria passar "das palavras para a ação" na questão ambiental. Também defendeu iniciativas que valorizassem uma relação "recíproca" com a natureza, "incluindo exemplos como instalação de painéis solares e mudança para carros elétricos".
Os sinais de simpatia à causa ambiental agradaram à diretora-executiva da COP30, Ana Toni, que convidou Leão 14 para a conferência, marcada para novembro em Belém (PA).
"É muito esperançoso saber que o papa Leão 14 parece estar alinhado com o papa Francisco sobre a urgência do combate às mudanças climáticas", disse em seu LinkedIn.
"Que ele nos ajude a construir um acordo climático que marque um ponto de virada na criação de um futuro mais próspero, seguro, justo e sustentável", completou a também secretária nacional de Mudança do Clima — abaixo somente de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.